Experiência docente e transmissão familiar do magistério no Brasil

Autores

  • Fabiana Garcia Munhoz Universidade de São Paulo, Brasil
  • Diana Gonçalves Vidal Universidade de São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.29351/rmhe.v3i6.62

Palavras-chave:

experiências docentes, transmissão familiar do magistério, mapas de freqüência escolares

Resumo

Este artigo apresenta interpretações sobre experiências docentes no Brasil na primeira metade do século XIX. Trabalhamos com a hipótese de que a aprendizagem do ofício no âmbito familiar foi uma importante via de reprodução da docência e de que houve investimento das famílias em transmitir, aos seus membros, esta herança imaterial e favorecer a inserção ao corpo docente, sobretudo público. Nossa interpretação é tecida a partir de procedimentos metodológicos da micro-história e dos alertas analíticos do campo da cultura material escolar. O cerne das fontes é constituído por ofícios e mapas de frequência, remetidos pelos professores à inspetoria da instrução pública, pela legislação educacional do período e por livros de memórias de localidades. As experiências docentes das famílias estudadas permitem analisar diferentes dimensões da inserção dos sujeitos no magistério e a percepção de que o magistério tem, na família, uma ambiência favorável, e, mais do que isso, autorizada e legítima de reprodução do ofício, reverberando na legislação educacional do período.

Biografia do Autor

Fabiana Garcia Munhoz, Universidade de São Paulo, Brasil

Historiadora, pedagoga e Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (2002, 2008, 2012). Cursa o doutorado no Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade de São Paulo. Professora de Educação básica da cidade de Rio Claro - SP/BR em licença sem vencimentos para o doutorado. Publicações recentes: Experiência Docente no Século XIX. Trajetórias de professores de primeiras letras da 5a Comarca da Província de São Paulo e da Província do Paraná, dissertação de mestrado, Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo/FEUSP, 2012, Brasil.

Diana Gonçalves Vidal, Universidade de São Paulo, Brasil

Historiadora é Professora titular de História da Educação da Faculdade de Educação-USP, onde exerce o cargo de vice-diretora e coordena o Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em História da Educação (NIEPHE). É pesquisadora do CNPQ e coordenadora do Comitê Assessor desta Agência para a Área de Educação. Integra o Comitê Executivo da ISCHE (International Standing Conference for the History of Education) e o Conselho Científico do CEINCE (Centro Internacional de la Cultura Escolar). Foi presidente da Sociedade Brasileira de História da Educação. Doutorou-se em História da Educação com a tese O exercício disciplinado do olhar: livros, leituras e práticas de formação docente no Instituto de Educação do Distrito Federal (1932-1937). Atua principalmente com os seguintes temas: cultura escolar, escola nova, práticas escolares de leitura e escrita, historiografia e circulação internacional de modelos e práticas pedagógicas.

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Publicado

2015-07-08

Como Citar

Garcia Munhoz, F., & Gonçalves Vidal, D. (2015). Experiência docente e transmissão familiar do magistério no Brasil. Revista Mexicana De Historia De La Educación, 3(6), 125–157. https://doi.org/10.29351/rmhe.v3i6.62